Confusões de Lua

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Confusões de Lua 

Quantas vezes já nos sentimos presos, trancafiados em uma cela de possibilidades e ilusões. Planejando loucamente um futuro que nunca irá existir, somos feitos de conjuntos de palavras mal organizadas e coordenadas por imperativos externos. 
Vivemos em uma pequena ditadura imaginativa, devemos sempre saber o que fazer depois, tendo que imaginar o que não queremos,apenas para responder a insegurança alheia: 
Faculdade?
Emprego?
Salário?
Filhos?
Casamento? 
Tudo isto está na mesma mafia do esquema de Ser. Homo sapiens sapiens, péssimo nome nos deram realmente. Estamos fadados a nunca saber, mas sempre acharemos que sabemos tudo. 
Porém, durante a Luz do Sol, o grande astro que tudo revela, tentamos fingir ser, fingir existir, enquanto sofremos por ter que colocar uma máscara em cima de tudo que realmente somos, Homo. 
À noite, com a fraca luz estrelar e com o grande abraça de Lua, a mãe de todos os atordoados, passamos a ser apenas um Homo, podendo imaginar e sonhar o que quisermos, sem a preocupação da coerência com a realidade. Não somos lógica, a+b. 
Sobre a luz do Luar, a gélida e calada noite passa a nos abrigar, e a caverna mais profunda em nosso coração se abre, saímos do estado sapiens sapiens e passamos apenas ser Homo, apenas sentir o que vem de lá de dentro, a maré dos sentimentos. 
Nossos olhos não julgam à noite, nossa pele não tem cor à noite, nossa boca saliva à noite, passamos a perder o estado de homem, de confusão, de existir enquanto gente, passamos a ser todos macacos noturnos, selvagens famintos por carinho, por acolhimento, por amor.
De fato é difícil existir.

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