A minha habilidade de escrever vai se esvaindo. A palavra nos faz existir, e sem ela somos um  nada, uma ameba, um conjunto de células em processo de decomposição.
Surto cada vez que não consigo colocar no mágico conjunto de letras todas as minhas angústias, todos os desprazes providos por mim mesma durante minha breve vida. Ainda mesmo, me indago como um ser, repleto de flacidez mental e formado por hipocrisias sociais,tem a capacidade de sobreviver ao mundo que estamos inseridos?
Enquanto escrevo estas meias verdades, meias mentiras. escuto uma música ruim e começo a sair de meu corpo, por muitos anos me disseram que filosofar era uma tarefa para um ser solitário. Bom, se assim for, me vejo só, dormindo com a solidão e tomando café de palavras vazias e com sentido mórbido, por que aos poucos vamos caminhando para o mesmo fim: a morte isolada.
Os velórios, as festas de crianças, ambos inversos, um celebra a morte e outro comemora a vida, tem o mesmo proposito existencial e essencial: amenizar a consciência dos que estão em volta. Vivemos diariamente em um cemitério de ideologias e argumentos rasos, usados para fermentar uma verdade referencial inconstante, um "por que sim" mundial.
O meu poder de escrita vai voando por entre as brisas injustas de um meio que não me entende, como se estivesse perdida em uma floresta obscura. Perco essa minha capacidade vital, não por culpa de meu psíquico ou do tempo, que não tenho, mas por que meu coração pulsante de palavras hoje vive uma era de pulsação de sangue. Cansei de ser eu mesma e minhas palavras,de um eu que não quero mais ser, estão sumindo.

Nada se perde, tudo se transforma.