Geração Zero
Acho muito engraçado as caracterizações que dão para minha geração, porém são todas reais. Verdade, pertencemos ao mundo vazio todo preenchido por 3gs e posts no Facebook, vivemos na base do botão delect, e em nosso currículo de ser humano não temos nenhuma revolução, nenhum tabu quebrado. Uma geração de intelecto zero.
Um primeiro fator para tal descrição é justamento como nos portamos perante o mundo atual. A síria sofre com uma guerra a anos, na África a fome perdura assim como os mosquitos no verão, os políticos são corruptos, porém nos importamos apenas em quantos likes ganhamos em tal foto, ou qual é o melhor efeito para a selfie. A geração selfie gira em torno do próprio umbigo, preocupados com a estética e com as aparições virtuais, e não com a humanidade. Mas o que ensinado para nós, a geração zero? Vivemos num meio onde a tecnologia domina, onde o bullying esta em alta, e quem tem mais é melhor.
É claro que a ideia de que o homem é fruto do meio, muito usada para comprovar os comportamentos de algumas etnias, não é cem por cento válida, porém é necessário lembrá-la. Nascemos em um mundo onde tudo se locomove via internet, onde as instituições passaram a fazer cursos online, palestras online, onde não precisamos ler o manual de como fazer um arroz, podemos procurar no Deus Youtube.
Somos a geração zero, geração google. Temos mais um um milhão de respostas e projetos e não colocamos nada no concreto, no plano real, por que hoje no mundo em que vivemos o que é valorizado não são os livros, ou a letra cursiva no papel, mas sim quantas aderiram a ideia, acessaram o site, curtiram a página. Inventamos a profissão design de site.... O que é isso?
Dizer que não sabemos fazer nada, e realmente em parte concordo plenamente pois eu não sei fazer algo básico como passar roupa, é excluir quase que por completo todo o ambiente em que vivemos e como nos moldam. Nós, da geração zero somos perfeitamente encomendados pela industria de mídia e do capitalismo para fazer basicamente três coisas:
- Olhar
-Curtir
-Comprar.
Somos robôs. Não tiro minha culpa, e nem a culpa de muitos jovens para com essa realidade de idealismo e não de realismo, mas também é necessário enfatizar que existe um poder externo muito maior, ditatorial, que nos influencia nas decisões e na vida cotidiana. O capitalismo virtual, presente em nossas relações, em nossas ideias nos manda consumir o outro, não amar a longo prazo, comprar o outro, e não conquistar, a curtir o outro, não criticar.
Somos descritos todos os dias como a geração que idealiza e não realiza, mas não há espaço para tais feitos, tudo é dado, tudo é consumido. As revoluções são virtuais, não há ideologia na modernidade líquida que vivemos. Aqui estou eu criticando o ato de viver virtualmente, através de um meio virtual.
A geração zero, portanto, é existente e dominante hoje, eu e você, caro leitor, fazemos parte disto, mas não se culpe por completo, nosso meio, nosso ambiente, nos molda e nos impulsiona a não nos mexer, a não questionar. Para mudar isto não é necessário trazer o papel (isto e ecologicamente um erro), ou passar a ler o manual de arroz, mas sim usufruir das ferramentas que temos: Facebook, Instagram etc, para instigar os outros contemporâneos a revolucionar o sistema. O feitiço contra o feiticeiro, o sistema contra o sistema. Use as redes sociais em prol de uma ideologia concreta.
0 comentários