Como não falar dos 55 ?

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Uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim deixou 55 morto e 60 feridos. O motivo do massacre é a rixa entre PCC, de São Paulo, e a Família do Norte, de Amazonas. Os guardas e policiais  só conseguiram conter esta segunda-feira, 17 horas depois. Essa informações foram retiradas do Jornal EL PAIS. Foto retirada do site da IstoÉ.
O  massacre foi gerado por conta as questões do narcotráfico e da disputa de poder no presídio, por parte das duas facções. O espanto vem com a crueldade que os detentos mataram os outros detentos, corpos foram esquartejados, degolados. Porém, com toda essa tragédia no primeiro dia de 2017, ficamos com algumas reflexões: E se  o sistema penitenciário fosse menos agressivo com os presos? E se as drogas fossem legalizadas, ficassem na mão do Estado?
Sobre o sistema penitenciário, vejo muito gente com raiva de preso. Achamos que eles devem pagar pelos erros que cometeram, pela as pessoas que transformaram em vítimas. Está certo, é preciso haver uma devolutiva social. Foucault refletiu sobre o surgimento das escolas, fábricas e presídios, colocando como ideia maior que a sociedade da disciplina ama vigiar e punir, ou seja, somos constantemente disciplinados para mantermos a ordem, com a desculpa que nosso instintos geram o caos social. Por tanto, se observarmos bem como as cadeias são construídas no Brasil e no mundo, vemos paredes, inúmeras paredes, grades, fios de choque, e guardas olhando, batendo, atirando.
A cadeia deveria inspirar os presos a reflexão, a arte, deveria acabar com a culpa católica e ajudá-los a se inserir na sociedade, como agentes tão "do bem" quantos nós, supostamente livres. Ao invés disso, gera nos detentos a vontade de matar, de morrer. Lá eles não aprendem nada, são tratados de maneira desumana. Um trabalho de ciências feito por amigos da minha escola comprovou que na Fundação Casa os presos são tratados com planos de reinserção iguais, são moldados, planejados e recolocados de maneira igual. Igual.
Assim, não cuidamos de uma grande parcela de nossa sociedade. Mais uma vez, jogamos em águas sujas aqueles que já estavam nas margens.
O motivo do massacre foi a disputa do narcotráfico. Todo dia, toda hora, nas favelas desse Brasil a fora, pobres e pretos morrem por conta do tráfico de drogas. O Estado apenas finge que não vê, e a pacificação nos morros, como aconteceu de maneira intensa no Rio de Janeiro, surte um certo efeito, mas logo os pontos de venda são levados para outros lugares. A discussão para a legalização das drogas, principalmente da maconha, é muito presente, tem vários lados, pros e contras.
Talvez a solução mais associada a legalização seria a questão econômica, ou seja, o Estado conseguiria mais dinheiro, melhorando a vida de todos. Sabemos que isso não é verdade, e com os governos que estamos tendo, o primeiro ato será a privatização das drogas. Acho que a reflexão sobre a legalização deve seguir por um olhar humano, salvaríamos 55 vidas se estivesse nas mãos do Estado, nesse caso.
Por tanto, não devemos deixar esse 55 mortos, sendo eles criminosos terríveis ou não, passarem em branco. Eles morreram por questões sociais maiores que brigas de facção.
Lembretes da Isa:
Assistam: 13 emenda - Netflix - documentário sobre o aprisionamento de negros nos EUA;
Assistam: Narcos - Netflix - série que conta a história de Pablo Escobar;
Escutem: Haiti - Caetano Veloso e Gilberto Gil.

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