Dia a dia
Já sai de casa atrasada, a mochila nas costas pesava muito, porém nem ligava. Presto atenção na música nova de uma artista qualquer, tento decifrar as palavras em inglês, exercitando a mente. Meu all star rosa vinho estava machucando o calcanhar, tudo por um look alternativo. Depois de dez minutos, cheguei no ponto, para pegar o ônibus e ir à escola.
O motorista já me conhecia, Bom dia ! Passei o cartão, preciso recarregar na sexta... Não tem lugar vago, mas o ônibus passa em frente a uma escola pública, logo vou buscar ficar em pé perto de alguém de mochila com cara de jovem, que esta sentado.
Na meu ouvido, de súbito, começa Caetano, não me seguro e meus dedos batucam no ferro o veículo coletivo. Um homem me olha, em resposta, viro a íris. Já são sete horas e estou empacada na Eiras. Não vai dar tempo, e a segunda aula é de português.
Desci. Subi as escadas da passarela, vejo o homem que limpa, coitado. Passo pelas vendas babilônicas que existem ali. De longe vejo meu amigo. Black Power.
Para a música, que era agora Lady Gaga, e o espero no final da passarela. Meu amigo esta com um cigarro na mão, e um café na outra. Personagens.
Em um passo de mágica o dia amanhece bem, tenho ele ao meu lado, todo pomposo dizendo como acordou. Rimos sobre qualquer coisa. Comentamos das aulas. Especulamos como o boy estaria hoje.
Chegamos na escola com o cheiro do tabaco. Pegamos os materiais do armário, mil caderno, quanta coisa.
Entro na sala e tem um aglomerado feminino conversando, olho para todas elas e dou bom dia de longe, lanço meu olhar para o fundo, e o vejo conversando com os amigos, sobre o último episódio de Masterchef. Não entendo nada. Mas mesmo com a distancia nosso olhos se cruzam, e ele lança um beijo, uma piscadela.
Arrumo um jeito de me libertar do aglomerado, escolho minha mesa, meu amigo senta atrás, é sempre assim. Falo com minhas amigas, me sentindo importante. Umas revoltadas, outra vai ver o namorado, a outra esta preocupada com o trabalho de amanhã, e uma tem neura de corpo.
Bate o sinal. Entre a química. Todos em desanimo voltam a suas mesas, e continuamos a viver.
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