Nunca foi fácil pra mim virar o ano. Alguma coisa sempre acontecia e eu nunca me senti completa com o ano que estava passando, e nem muito ansiosa com o ano que estaria por vir. No entanto, dessa vez foi diferente. Minha virada do ano foi atrapalhada, mas muito feliz, um enrosco assim como 2016 em geral.
De fato, agora escrevendo, não entendo como ainda tenho cabeça e como não perdi o pescoço... A questão é que na manhã do dia 31 de dezembro de 2016 eu fui fazer trilha com meu pai e meu irmão, e em um momento de ímpeto independente, resolvi não segurar a mão de meu pai e pronto: caí. Caí o suficiente para ralar a canela, deixá-la roxa. Uma marca um tanto quanto carnal de 2016. À tarde, no mesmo dia, choveu de maneira absurda, uma das maiores tempestades do mês, com certeza. E essas gotas, essa chuva que parecia alegrar e refrescar todos, molhou meu humilde novo computador.
Então além de ralada, estava eu desesperada secando meu pc. Agora uma marca tecnológica de 2016.
Depois, bem mais tarde, já no jantar de ano novo com a família, meu celular resolver pular na privada. Isso nunca tinha me acontecido, foi um movimento tão rápido, tudo aconteceu em menos de um minuto. Resolvi não me desesperar, poderia ser um sinal de 2016 dizendo que eu precisava ficar sem esse tipo de tecnologia por um tempo...
Aconteceu que no último dia do ano muitas coisas deram errado, um conjunto de fatores que interferiram no meu cotidiano, e que certamente deixaram sequelas em 2017. Mesmo assim, mesmo no fundo do poço tecnológico, resolvi fazer uma retrospectiva de 2016, colocar em luz seus pontos mais importantes, ao meu ver, para enfim me libertar!
Bom, 2016 foi ano de golpe político, foi ano de olimpíadas, ano de manifestações violentas como em 2013 ( de 3 em 3 anos, achei illuminati), foi ano crescente para muito movimento negro e feminista, foi ano de poesia e slam; 2016 foi ano de mortes em massa, ano de ataque terrorista!! 2016 tem nome de delação premiada, prendeu muita estrela e muito tucano. Foi ano em que a Kim Kardashian foi assaltada, que tivemos os maiores divórcios, ano de Joanne e Lemonade... Foi ano de ciclofaixa; de treta em facebook; 2016 foi o ano dos memes, ninguém aguentava mais viver naquele período de tempo.
2016 foi ano de série: Sense8, Black Mirror, 3%, Narcos ( não me lembro se teve em 2015), The OA, The Get Down.
2016 foi ano de 33. Ano de ocupar e resistir.
Todas essas reflexões me fizeram entender o porque de me atrapalhar tanto no último dia do ano, certamente muita gente ficou assim também. Tropeçando nos buracos e pedras restantes de um ano tão difícil, que quis ficar até o último suspiro de segundo. Entendi, pois 2016 foi repleto de energias, dessas que se concentram no fim da barriga, no meio da testa, na parte interna da mão. Uma energia interessante, apesar de ter acontecido muitas coisas ruins, muitas mesmo, essa energia mostra que não se pode desistir, deve-se persistir e realizar o que se deseja. Sim, é bem piegas, mas não deixa de ser verdade.
No fim de tudo, vamos sentir falta do ano que passou, como sempre sentimentos, e vamos querer um ano melhor, como sempre queremos. De maneira bela, alguns sentimentos humanos não mudam.