Briga Feminista?
Me deparei brigando com amigas por conta do feminismo. As discussões sempre eram em torno de vertentes, de exigências e de comprovações sobre quem era mais feminista. Pois bem, então resolvi escrever um texto sobre.
O feminismo é uma palavra longa, extensa e cheia de controversas. Nasceu há muitos anos e normalmente tomamos contato com ela quando somos adolescente e rebeldes. Ninguém deveria querer ser feminista, porque ser feminista é deixar claro que existe alguma coisa muito errada com a posição das mulheres na sociedade. Mas, uma vez dentro do feminismo, é necessário se posicionar. Conhecer as vertentes, a história do movimento, te faz entender qual o seu papel nessa palavra tão famosa, como você pode atuar, quais impactos existem com sua presença. Foi isso que eu descobri quando passei a estudar feminismo.
Por ser um movimento "antigo", com muitas mulheres, muitas realidades diferentes, o feminismo naturalmente tem rixas, briguinhas, discussões sérias e vertentes. O comunismo tem vertente, socialismo tem vertente, o liberalismo tem vertente. O feminismo, justamente por ser uma causa política vai ter também posições completamente diferentes.
Respeitar essas posições é um bom primeiro passo, questioná-las é um bom segundo. Somos educadas a nos odiarmos, já que qualquer mulher pode ser a outra do meu marido, namorado, amigo... Somos ensinadas a ficarmos caladas e não palpitarmos, apenas aceitar aquilo que nos é dado. De fato, somos ensinadas a sermos móveis de apoio ao patriarcado, trabalhar com 2 jornadas por dia desde crianças, afinal brincadeira de boneca era só um pretexto para sabermos ser mamães. Quem nunca teve inveja da amiga com a bonequinha que abria a boca ? Sim, somos ensinadas a tudo isso. Então, porque devemos nos calar em nosso movimento? Porque não podemos questionar as mulheres de vertente intersecc, ou do transfeminismo? Ou, melhor, porque sempre direcionamos o discurso "parem de se achar superiores" para as radfems?
Na minha cabeça, espero que na cabeça de outras mulheres, o movimento feminista nos enriquece exatamente por isso: somos livres para questionar. Claro que o questionamento não pode vir em forma de ameaça, o negócio é libertar as mulheres e não encurralar de perguntas! Percebo um movimento muito esquisito entre as meninas, em que devemos aceitar qualquer teoria, ideologia, vertente de bandeja... Não deveria ser assim, temos que discutir, as vezes brigar feio, para conseguir ter uma posição política estruturada, bem articulada.
A questão aqui não é desrespeitar todas, ser menos didática com outras mulheres, sempre fazer as perguntas cabulosas para ver a outra envergonhada. Não! Isso é patriarcado, acabarmos com umas as outras. A questão é sermos críticas com o que estamos encabeçando, ver se é isso mesmo, se não tem muitas contradições (sempre teremos contradições, mas quanto menos, melhor), e por ai vai.
A experiência de se juntas a mulheres que pensam como você é maravilhoso, saber que não esta sozinha no mundo, porém a sensação de estar com mulheres que diferem completamente e mesmo assim sentir-se pertencendo é melhor ainda.
Por ser aprendiz de feminista de raiz, eu nunca vou deixar de questionar o feminismo trans, não é por isso que eu odeio as mulheres trans, longe disso. As pessoas tem o direito de viver ! Assim, também espero ser sempre questionada por feministas de outras vertentes, ou vertentes nenhuma. A palavra feminismo deixou de ser uma coisa só, meninas, temos que compreender isso!
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